Capítulo 7
A mosca do prato que comeu
Dirceu não precisou se fazer de desentendido, pois ele realmente estava confuso. Aquele senhor risonho parecia mesmo conhecê-lo, esbanjava um ar amigável e receptivo.
- Não se lembra de mim? Estou com uns quilinhos a mais... não venha me chamar de "Moscão"! - uma gargalhada inconfundível atingiu os ouvidos de Dirceu.
- Mosquinha?! - e os ventos do passado começaram a relembrar aquela memória morta.
- Até que enfim sua lesma! Vem cá dar um abraço no amigo que você abandonou. - timidamente, ainda sem estar 100% convencido, nosso protagonista se aproximou do balcão, enquanto o gordinho permanecia imóvel com os braços estendidos.
Por cima de caixinhas de chicletes, balas e chocolates, um abraço apertado e sincero os segurou por segundos preciosos. Foi então que Dirceu não teve dúvidas, um abraço entre velhos amigos sempre reconforta a alma. Até fechou os olhos. Sentia-se bem, feliz.
- Pô Dirceu nunca mais te vi! Todo mundo resolveu esquecer esse lugar...
- Mas mudou muito isso daqui... até você mudou muito. - esboçou uma piadinha, que foi bem recebida pelo amigo - Você tá... forte! Benza Deus.
- Também né? Depois de começar a tocar esse lugar, comida não faltou mais! - e mais uma gargalhada estrondosa.
Entre os flashes de memória, o agente tentava se lembrar do parceiro. Ninguém chamava o Mosquinha pelo nome, se é que ele o tem. Ele era garçom de um boteco, naquele mesmo lugar há alguns anos atrás, e era miúdo como um palito. Mas era esperto e malandro.
Nas caladas da noite, quando o estabelecimento era mais procurado, facilmente o ambiente era dominado pelos bêbados. Aquele garçom franzino, com um rostinho de boa gente, servia copos e mais copos de álcool para os diplomatas de plantão. Quando o nível da bebedeira estava acima do recomendável, estranhamente os copos eram servidos cada vez mais vazios, e a felicidade do garçom aumentava gradativamente.
Um golinho ali, uma bicadinha aqui, e aquele rapaz ficou marcado como "Mosquinha". Por anos nessa rotina, e os bêbados nunca perceberam. E quem criava suposições, não tinha coragem de cagüetar o garçom, sempre conseguia umas garrafas por debaixo do pano, sem o dono suspeitar. E sempre usava a desculpa de que foram entregue menos no carregamento.
Os tempos passarão e, pelo visto, não haviam passado só bebidas não. Aquela pança estava muito bem forrada de comida.
- E você é dono disso tudo aqui?!
- Sou. O antigo dono, que você conheceu, devia muito dinheiro. Um belo dia vim trabalhar e ele tinha ido embora. Como o irmão dele, único parente, não queria mais o bar, vendeu por uma mixaria. Então eu comprei e me matei pra deixar desse jeito.
- Ficou bonito.
- Pois é. Agora é restaurante, humilde, mas de família.
- Que bom Mosquinha! Deve ter muito dinheiro agora.
- Tenho pra viver, consigo sustentar os pimpolhos.
- O Mosquinha é pai?! Casado?
- Ô... e bem casado... uma patroa e dois moleques. Capetas, isso sim... e você? O que andou fazendo nesse tempo todo?
... pra quê foi perguntar?
(Aguardem o próximo capítulo)
6 comentários:
Caríssmo Colega,
Gosto do rumo que a história de Dirceu vem tomando. Não tenho a menor pretensão de ser crítico ou avaliador, mas devo dizer que ao longo dos capítulos o leitor pode observar vossa evolução no trato das palavras.
Espero ler ainda muitos capítulos da saga de Dirceu.
Abraços Fraternos
Não acompanho a saga do Dirceu...mas achei interessante. Quanto ao blog, acertou, o endereço é Hablando Más mesmo, valeu pela visita, quando tempo colaborar me atualizo mais por aqui para conhecer seu querido blog!
Abração!
DIRCEU VOLTOU!! DIRCEU VOLTOU!!
/me sai correndo feito doida em pleno horário de trabalho.
ÊÊÊÊÊ!! :D
sei lá...acho esse Dirceu um cara bom e ingênuo demais pra ser verdade...
como faz pra apoiar?
Eu gosto do Dirceu :D
:*
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