Capítulo 6
Quando os olhos se abriram novamente
A vida de Dirceu estava mórbida demais. Eram tempos de vacas magras e a Dona Morte parecia estar de férias. Mas não era a companhia de defuntos que acabaria com a solidão do agente, estranhamente ele queria pessoas bem vivas.
Para sair um pouco do ambiente natural, Dirceu resolveu dar uma volta e encher os pulmões com um ar não tão pesado, claro que atmosfera poluída das ruas seria um ótimo lugar. Passeou entre pessoas, cruzou olhares, baixando a cabeça logo em seguida.
O olhar de Dirceu sempre parava no chão. Talvez o costume de sempre viver assim, resolvendo assuntos que estavam abaixo dele, cavando e cavando. Não era a toa que ele se guiava na cidade pelas calçadas.
Erguer a cabeça fora do CEU era difícil, um fardo pesado que exigia muito. Encarar o horizonte era entrar em outro mundo. Dirceu tinha medo, sem saber ao certo a razão. Receio da falta de receptividade de outros olhares ou de uma cegueira da realidade.
Alguns dizem que os humildes sempre baixam a cabeça diante de um superior, medrosos diante de uma ameaça e culpados diante da verdade. Dirceu era um pouco de tudo.
Observando o rodapé de uma fachada e algumas falhas no chão, ele percebeu que estava próximo a...
- Ei! Cuidado! Olhe por onde anda! - gritou um senhor mal encarado que precisou desviar de uma cabeçada despropositada de Dirceu, que sentiu seu coração quase sair pela boca.
- Desculpa... - disse timidamente, enquanto o senhor saia bufando.
Logo, o agente funerário colocou a mão na frente dos olhos, para se proteger da luz do sol, enquanto via aquela pessoa se afastar em meio a multidão. Quando se acostumou, viu cabeças em vez de pés e paredes em vez de chão. Tudo ficou mais colorido, de repente. E só depois de alguns segundos distraídos, reparou que havia levantado a cabeça.
Uma adrenalina bizarra o fez rir. Fazia tempo que isso não acontecia, abrir os olhos fora do CEU. Ele sabia que já havia passado por ali dezenas de vezes, mas desde que havia ingressado nessa profissão, ele se resguardou e mudou hábitos.
Aquela calçada familiar, ficava a frente de um bar. Local que Dirceu visitava frequentemente, porém não por ser um beberrão, mas sim por alguns poucos amigos que tinha ali, os quais foram embora no início de sua amizade com os mortos.
Dirceu entrou, a passos curtos e ainda admirado com o que via. Reconheceu pouca coisa, além de sua memória ter apagado parte do seu histórico, o bar havia mudado. Estava mais bonito, limpo e agora servia almoço. Funcionários bem vestidos e mesas ajeitadas. Preços expostos e salgadinhos decentes no balcão. Até parecia que havia trocado de dono.
- Não acredito no que estou vendo! - uma voz surgiu do nada em meio a pratos sendo servidos. Dirceu procurou achar quem era a pessoa que, com certeza, não estava falando com ele - Dirceu, seu macaco velho - "impossível", pensou.
Quando olhou para o balcão, viu alguém no caixa, atrás de uma mureta e um painel de plástico transparente. Um senhor de cabelos grisalhos, um rosto branco e rosado, e uma sorriso bem acolhedor. Dirceu não fazia a menor idéia de quem era.
(Aguardem o próximo capítulo)
6 comentários:
Estou sempre esperando pelo próximo capítulo...
E AGORA?
QUEM SERÁ QUE ERA?
Passando por aqui querido!
E o próximo?
Nossa, que enigma!
o.O
cara, amo seus textos, pena que demorou né, pra fazer a 6ª parte, e espero que nao demore para continuar!
e no mais..
kkkkkkkkkkkkk
flando assim, imagino um velhinho gagá que esteja postando!
:O
qtos anos tu tem ?
Como assim ele não sabe qm é?
Cabelos grisalhos, rosto rosado, sorriso acolhedor .... gente é obeeeeveeeeuuu q eh o saint claus!!!
"I saw mamy kissing sanit claus..."
Postar um comentário