Justiça é o que interessa, o resto não tem pressa - 1

Há alguns meses atrás, acredito não ter dito para vocês, fui roubado.

Sai do cabeleireiro e estava subindo aquela ladeiras, da minha boa e velha cidade, quando "Pimba!!". Um cidadão, muito bem vestido e de feições amigáveis, me abordou, colocando a mão sobre meu ombro e começou a fingir falar comigo, na camaradagem.

Disse aquelas boas e velhas falas clichês de um bom assalto: "não corre", "não grita", "você nunca me viu", "me passa o celular", "tem grana?", "tem sim burguês", "quanto foi o Timão ontem?", "anda e não olha pra trás", etc.

Claro que eu, como bom assaltado, me prontifiquei a embromar o meu assaltante: "to quieto", "pode deixar campeão", "quem é você?", "o celular tá meio quebrado", "num tenho não", "tá, eu tenho, mas deixa os meus documentos, por favor", "torço pro mengo, coirmã", "posso correr ao invés de andar?", etc.

Depois desse bate-papo bacana, para encurtar a história, a gente se despediu e o elemento sumiu na penumbra da tarde ensolarada de um sábado.

Agora, vamos aos fatos mágicos da história.

Primeiro, o assaltante é um incompetente. O cara me roubou e foi fazer comércio logo em seguida. Atravessou a rua e tentou vender no posto de gasolina na esquina, para um frentista. Não vi nada disso, descobri mais tarde.

Segundo, um bom samaritano, que passeava com sua esposa na sua caranga, viu toda a ação criminosa. Acionou a polícia, veio conversar comigo, me ajudou a procurar o ladrão (que encontramos vendendo no posto) e até acusou o frentista de participação no crime.

Terceiro, a polícia demorou, mas chegou. Houve uma mini-perseguição e a polícia prendeu o elemento que, antes de receber o enquadro em flagrante, jogou o chip do celular no bueiro, deixou o aparelho em uma caixa de areia e gastou R$ 1,00 do meu dinheiro, achado na sua bermuda esportiva.

Após B.O e tudo mais, fui intimado a depor. Tal fato ocorreu semana passada, mas contarei esse episódio um outro dia, nesse mesmo canal e nessa mesma hora.

Inté.