segunda-feira, 12 de maio de 2008

Dirceu - O Agente Funerário

Capítulo 5
A Justiça do CEU

Dirceu não conseguiu dormir. Ficou indignado com a ação dos ladrões. Roubar morto é mais fácil do que tirar doce de criança, eles não vão chorar, nem tão pouco gritar pela mãe. Sem defesa nenhuma.

E se por acaso aquilo virasse moda? Mania nacional. Assaltos a cemitérios encabeçariam as pilhas de boletins de ocorrência nas delegacias e os agentes funerários seriam simplesmente trocados por seguranças uniformizados, câmeras pelas paredes, cães de guarda, etc. Agora o problema não era só dos mortos, mas de alguns vivos também.

O nosso protagonista sentiu uma fúria repentina, por tudo que poderia acontecer. Pôs-se de pé, com uma pose heróica de "Capitão América", posicionou o olhar no horizonte e se auto-intitulou combatente do crime. Não ficaria satisfeito até que os mortos pudessem, enfim, descansar em paz.

Sabia que precisava cortar o mau pela raiz. Aqueles garotos seriam o exemplo para toda essa nova geração do crime. E os comentários sobre um novo "defensor dos oprimidos em caixões" ecoariam pelas ruas daquela cidade.

Os gatunos iriam voltar, Dirceu não tinha dúvidas. Provavelmente eles acharam fácil de mais e que ali fariam fortuna. Porém, não sabiam com quem estavam lhe dando. Nosso agente arquitetou seu plano e se preparou para a batalha.

Anoiteceu. Após as 12 badaladas soarem, o silêncio se fez no CEU. Apenas as luzes da noite cortavam assombras dentro do cemitério. Um cenário perfeito para um furto impecável, sem deixar vestígios.

Ouviram-se ruídos do lado de fora. Os tênis deslizavam pelas paredes do cemitério. Eram eles. Como na noite anterior, provaram a habilidade na escalada. Não conseguiam esconder a adrenalina e a empolgação, seus sorrisos lhe entregavam.

Iniciaram um sistema de análise e busca pelo local. Não poderiam vacilar, era preciso escolher a próxima vítima. Para saber o poder aquisitivo de um defunto, basta avaliar a grandiosidade do seu túmulo, como se o valor gasto para enterrar alguém fosse compatível como o amor e a falta que a pessoa faria para família e amigos, o que, muitas vezes, não é verdade.

Entretanto, aqueles dois eram astutos. De nada valia uma mansão fúnebre se a porta estivesse bem trancada. Estavam com pouca mão-de-obra e qualquer facilidade seria bem vinda.

Nesse momento seus olhos brilharam. Avistaram um túmulo grande, com descrições nas paredes. As cores rosa e branco dos ladrilhos se destacavam na penumbra da noite. E o montante de flores diversificadas envolta só significa uma coisa: muito dinheiro havia sido gasto nessa morte.

Sem pensar duas vezes se aproximaram vagarosamente daquele "cofrinho". Não perceberam qualquer movimentação estranha dentro da casa de Dirceu, o que os motivou ainda mais e até lhes deu mais confiança.

Ao chegar ao túmulo buscaram ser rápidos, já haviam percebido que a estrutura da construção não lhe trariam problemas. Comprovado devido à tamanha facildade que tiveram para retirar a tampa. Pesada, mas praticamente aberta.

Abrir o caixão seria o próximo passo. Foi então que estranharam a sorte que abençoava aquela ação. A tampa do caixão não estava bem presa, poucos parafusos "rosqueados" e uma fresta considerável seguraram os dois elementos juvenis.

"Aquele agente é muito burro! Largou o caixão todo aberto" disse um deles, "Ainda bem, facilitou a nossa vida" completou o outro com uma contida risada. Levantaram a tampa do caixão e deixaram no chão. Quando viram o morto, não acreditaram. Haviam acertado em cheio.

O terno do defunto, seus sapatos e o conforto da sua cama revelaram o óbvio, era de uma linhagem fina. O relógio prateado de bolso, a pulseira dourada, o anel reluzente e a caixinha estofada, que o morto segurava abaixo das mãos unidas, contra a barriga, eram mais do que aqueles garotos imaginavam. Praticamente um sonho do mundo criminal.

Após o momento de êxtase dos jovens, o profissionalismo voltou a agir, tempo é dinheiro. Pegaram o relógio sem grandes dificuldades, mas os demais objetos só poderiam ser retirado depois de separar as mãos esbranquiçadas e frias. Nada que um pouquinho a mais de coragem não resolvesse.

Enfim, um empecilho para nossos ladrõezinhos. As mãos estavam bem presas, pareciam coladas. O esforço dos dois juntos não foi suficiente para mover um dedo. Tentariam mais uma vez, com uma contagem até 3, um verdadeiro trabalho em equipe. Posicionaram-se, cada um, de um lado do túmulo.

"1... 2... 3!" as mãos se abriram como em um passe de mágica, e aqueles dois corpos magros se lançaram ao chão. Com certeza renderiam alguns bons machucados e hematomas. Contudo, a dor foi temporária, logo seus corpos se estremeceram de medo.

"Quem acabou com meu sono eterno?" uma voz misteriosa crescia de dentro do caixão. Os olhos esbugalhados dos moleques representavam bem o que estavam sentindo. Em seguida o morto levantou o seu tronco, permanecendo sentado. A cabeça se virou devagar em direção a um deles e, quando se virou para o outro, denunciou a fantasia de Dirceu devido ao clarão da Lua. Parte da maquiagem do rosto havia se perdido, por causa do suor do nosso protagonista.

No entanto, o medo daqueles dois já havia digerido a mensagem. Só passavam pela cabeça deles filmes macabros como "A Volta dos Mortos-Vivos" e o videoclipe do Michael Jackson, "Triller".

"Vocês pagaram por isso!" disse Dirceu em alto e bom som. O que acabou sendo a deixa para o desespero dos ladrões, que correram em direção à parede mais próxima e a pularam. Seus gritos ainda foram ouvidos por longos segundos, enquanto Dirceu gargalhava por seu ato heróico, porém, cômico.

Não se ouviu falar de assaltos a cemitérios. A polícia nem sabia como trataria um caso dessa gravidade, caso acontecesse na região. Mas não era preciso mais se preocupar. O Super Agente Funerário sabia dar conta do recado e proporcionar a paz que a sociedade morta necessita para sua pós-vida.

(Aguarde o próximo capítulo)

5 comentários:

a disse...

juro que li ''a justiça do créu''

aheuhaeuhaeuh :D

Nina 512 disse...

^^

obrigada pela visita retribuida

^^

putz, nao tinha ido ainda no teu outro blog... agora estou meia sem tempo, mas fui lá rapidinho dar uma conferida...

gostei mt do ultimo que vc postou
pq nao att com mais frenquencia?

o.õ

salvei o link dos 2 blogs aqui
e estarei sempre lendo

^^

=*

Nina 512 disse...

ahh, e eu tb li: a justiça do creu

hauhau

Anônimo disse...

Ehhhhhhhhhhhhhhh viva o dirceu hauahauahauaaha
aiiiii gente q ele fez com o defunto que tava antes dele no caixão ???

Alessandra Castro disse...

Ai gente q homem mais astuto este Dirceu, antes de mais nada deveria ser condecorado por sua coragem e segurança em pregar uma peça dessas. Hihihihi os marginais mereceram mesmo.