Aquele cheiro me embriagou por alguns minutos. O que mantinha meu cérebro funcionando era a trilha sonora da minha vida, tocada por meu mp3. Fechava os olhos movidos pelo sono e deixava os violões me carregarem para o céu. Às vezes a poluição voltava, mas o meu organismo posicionou estrategicamente um mini ventilador, que deixava minha alma imune.
O ônibus não percorria as ruas esburacas, ele passeava por um tapete. As pessoas não entravam aos trancos e barrancos, apenas atuavam e dançavam no musical. O motorista não freava bruscamente, era apenas o seu solo de violino.
Conforme o tempo passava, o espaço foi ficando cada vez menor no corredor, pois, para variar, o veículo estava lotado até o talo. Os passageiros que precisam descer nos primeiros pontos se sentem como desbravadores de uma mata inexplorada, ainda bem que eles não costumam andar com aqueles facões para cortar o mato. Deveria ser autorizado, por lei, o “mosh” no transporte público, facilitaria muito o desembarque em dias como esse.
Como bom egoísta permanecia no meu território, com muito espaço dentro da minha cabeça. Quando me preparava para ouvir “Beatriz”, do cd da Ana Carolina e Seu Jorge (sim os blogs são armas propagandistas), não consegui ouvir nem uma “Rebeca” ou “Dorotéia”, nem mesmo uma “Biazinha”. Aconteceu o inesperado. Meu mundo se dissolveu como um castelo de areia. Minha trilha sonora passou de melodias para vozes riscadas de diferentes tons, no mínimo afinações diferentes.
A essa altura meu espírito estava gritando mais que o Rocky, chamando sua esposa Adrian no filme. Eu acabara de levar uma surra e clamava por “Beatriz”, mesmo sem saber quem foi, é ou será essa moça.
- Pare! – disse meu eu-lírico – Respire. Não é o fim do mundo. O mp3 foi inventado recentemente, porém você viaja há anos. Vai tirar de letra.
Isso mesmo. Era apenas um aparelho sem pilha, temporariamente inutilizável. Quem sabe até dormiria mais rápido me concentrando no meu sono. Exatamente, é o que farei. Apenas preciso fechar meus olhos. Nada de calor, apertos, barulhos e etc. Como um bebê. Hora da naninha...
Continua no próximo episódio...Poesia de Hoje:
Sem
Sem existir te imaginei
Sem tocar te desenhei
Sem conhecer te paquerei
Sem agüentar te abracei
Sem esperar te beijei
E sem saber me apaixonei
Sem dormir, sonhei
Sem voar, flutuei
Sem cair, me joguei
Sem sair, viajei
Sem notar, delirei
E sem perceber me enganei
Sem entender te amei
Sem ter te perdi
E sem querer te vi partir
Sem você me levantei
Sem você me recuperei
E sem você vivi
Sem você...
Sem você estou bem
E sem você estou aqui.
Douglas Funny
3 comentários:
yeaaah, devia ser permitido o mosh nos onibus lotados!! ia ser engraçado no minimo!!! shuahsa
mas ia precisar ser mais alto... senao, adeus cabeças shuahsuah
e q saco acabar a bendita pilha do mp3 hem? viagenzinha longa essa q n acaba nunca :O
a poesia, mto mto mto linda, meio triste, mas linda... a Talita e a Fernanda acharam o máximo, eu não pq eu n gosto das coisas q vc escreve hsauhsuahsauh
ADOOOOOOROOOO esse seu blog e eu bem conheço o caminho, o vendedor de sorvetes e o tempo que parece não passar nunca no nosso amado 104! rsrsrsrs...
Vc devia ter feito jornalismo...vou insistir nisso sempre! =)
Beijoooos e até qualquer dia no nosso querido amigo ônibus! rs
Tá com nojinho 02???
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