quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Lágrimas não regam vidas

Salve, salve meus queridos. Alright??

Já que falei de “força de vontade” no último post, achei justo falar sobre um povo que, particularmente, me inspira (ou não). Minha família é de origem nordestina, com muitos casos de “retirantes” e tudo mais. Certas histórias são mágicas.

Não nasci lá, mas já visitei a roça muitas vezes. Falta de chuva, um calor absurdo que São Paulo desconhece, aquele que dá preguiça mesmo. Num é fácil viver lá não. Entretanto, foi lá que aprendi a tocar violão, por exemplo, então tenho grandes recordações – além da saudade de muitos parentes.

O esforço de luta e sobrevivência dessas “Vidas Secas”. O sonho de construir futuro nas metrópoles existe e, para muitos, não fica só nas páginas dos livros. A esperança se faz com uma mão em Deus e a outra na inchada.

Acordar todos os dias e ver a terra rachada é um espetáculo triste. Terra que conhece a história das lágrimas e inventa história das chuvas. E agora percebo que deveria ter escrito uma poesia, porém tenho a obrigação de terminar esse post com uma música muito “quente” da terrinha. Quando a chuva é motivo de festa, abençoada pela tal da esperança da vida sofrida.

Poesia de Hoje (música):

Chover (ou Invocação Para Um Dia Líquido)
O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
De só cantar quando chove*

Chover chover
Valei-me Ciço o que posso fazer
Chover chover
Um terço pesado pra chuva descer
Chover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê

Chover chover
Cego Aderaldo peleja pra ver
Chover chover
Já que meu olho cansou de chover
Chover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê

Meu povo não vá simbora
Pela Itapemirim
Pois mesmo perto do fim
Nosso sertão tem melhora
O céu tá calado agora
Mais vai dar cada trovão
De escapulir torrão
De paredão de tapera

Bombo trovejou a chuva choveu

Choveu choveu
Lula Calixto virando Mateus
Chover chover
O bucho cheio de tudo que deu
Chover chover
suor e canseira depois que comeu
Chover chover
Zabumba zunindo no colo de Deus
Chover chover
Inácio e Romano meu verso e o teu
Chover chover
Água dos olhos que a seca bebeu

Quando chove no sertão
O sol deita e a água rola
O sapo vomita espuma
Onde um boi pisa se atola
E a fartura esconde o saco
Que a fome pedia esmola

Seu boiadeiro por aqui choveu
Seu boiadeiro por aqui choveu
Choveu que amarrotou
Foi tanta água que meu boi nadou
Cordel do Fogo Encantado


Um comentário:

Mar e Ana disse...

nossa
deve ser desesperador ficar tanto tempo sem chuva. bom eu, com essa pele seca, já fico desesperada por causa d um mes sem chuva, imagina mto mais do q isso...

essa musica do cordel é quente!!!
vc q me mandou :D

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saudades funny o/